4 de dezembro de 2009

Ganhei de aniversário um livro de memórias da autora chilena Isabel Allende, A Soma dos Dias. A narrativa é envolvente e a leitura leve, gostosa – é um daqueles livros que não conseguimos largar e que nos deixa órfãos quando chegamos ao fim... Li durante a viagem de ônibus para o Rio e apesar de ter sido presente de uma amiga especial, deixei no Rio com uma outra amiga especial. 
 Isabel Allende escreve sobre suas relações com graça, leveza, autocrítica. E coragem: não tem receio de expor suas fraquezas. Mostra-se, por vezes, uma mãe controladora, sogra invasiva, esposa intransigente. E justificando seu objetivo que é, sempre, manter unida a família.
 Em tantos anos de vida numa família tão separada, as palavras de Allende me mostraram um vazio imenso na soma dos meus dias e uma vontade de viver nessa proximidade. Isso chega a ser utópico, afinal nunca convivi com primos, tias e avós. Mesmo a minha pequena família vive separada há tempos. Ou desde sempre. 
 A separação é geográfica. Cada um numa cidade, num estado e o belo horizonte, agora,  só para mim. A tecnologia a meu favor... mas isso não substitui os almoços do meu pai, minha sobrinha me acordando, minha irmã pegando minhas roupas sem pedir, o caçula me mostrando a diferença de tamanho entre o estegossauro e o homem, a outra irmã me contando os casos do colégio e gostando do meu esmalte, minha madrasta sempre pronta a ajudar... Até dos móveis da minha mãe em casa, vou sentir falta. 
Vou ter que aceitar que as pessoas são como árvores e as minhas árvores fazem sombra onde tem sol próprio para elas. Talvez seja a hora de plantar novas sementes.


By Renata que resolveu chorar hoje tantas mudanças com medo de ser ela a que mais irá mudar.

 

28 de outubro de 2009

Para uma menina como uma flor

Hoje é dia de São Judas e Patrícia cismou de colocar na marmita/lembrancinha um santinho com a oração e medalha de São Judas. Até aí, tudo bem. Quando foi comprar os santinhos, se deparou com uma infinidade de santinhos: "custa R$0,10, Rena! Barato demais!" Comprou Santa Bárbara, por causa da Bárbara filha do Armando, Santa Catarina (nome da mais velha), São Gabriel ("Gabriel do Serginho e da Silvia), Santa Ana... ("lembrei da Ana da Yáskara"), Nossa Senhora das Graças ("minha mãe"), N.Sra. Aparecida ("é a santa que a Dada é devota")... e quando dei por mim, estávamos no Café do Palácio das Artes com a mesa tomada por santinhos de todos os santos! "Renata, Patrícia e Fernanda não têm santos. É a nossa chance de entrar para história!", explicou.


Para contextualizar a data, os santos e lembrar que hoje é o aniversário de Saroca, escrevi isso:

Há exatamente 1 ano, a Sarah nasceu.
Chegou num dia 28. 28 de outubro.
Data importante. Dia de São Judas, o Santo das Causas Impossíveis.
Desde então, Dia da Sarah, também.
O Santo é cheio de devotos, Sarah cheia de possibilidades. Ela ainda não conhece o "impossível", apesar de muitos a definirem assim.
O Santo do seu dia é a última esperança dos desacreditados. Já os devotos de Sarah acreditam veementemente que com um sorriso, ela derruba muros!
Mas, já que "santo de casa não faz milagre", a gente torce para que a Sarah ganhe o mundo!
Que sua vida tenha boas causas, muitos outubros e que ela cresça acreditando que tudo é possível.
O Santo há de ajudar!


By Renata que já se acostumou a dias chuvosos. 

27 de outubro de 2009

WWW ponto poderosa ponto com

À noite, ela sentiu uma súbita vontade de se lembrar de si própria. De como costumava ser. As fotos antigas só revelariam o gosto duvidoso comum a quase todas as modas que passaram. A memória, ah a memória! Ora imprecisa, ora fantasiosa. Definitivamente, a memória não era confiável.
Um antigo namorado estava se incorporando gradativamente à rotina. A troca de mensagens e os telefonemas entre eles só aumentavam nas últimas semanas. Mencionavam se encontrar para um chopp, um almoço dia desses, quem sabe. Não tinham urgência. Isso ficou lá atrás, no século passado. Época em que, como muitos casais que se amaram, eles também acreditaram que era sempre.
Será que ele se lembrava de como ela realmente era? A memória dele seria tendenciosa? Ela quis ligar e perguntar se tinha sido uma namorada carinhosa. Caso a pergunta soasse estranha, ela lhe explicaria que tinha dificuldades em se lembrar. Hoje, ela tem seus rituais, um certo comportamento quando se relaciona. Algo quase mecânico. Involuntário. Meio artificial. Já se pegou algumas vezes forjando um brilho no olhar. Olhos de Capitu! Dissimulados. Ah, isso não é nenhum crime e se for, ela é a única prejudicada. Sai na chuva e não se molha. Acaba sempre com sede.
Ela pensou em ligar, mas não o fez. No fundo ela sabe que o passado pode se lembrar dela, mas ela não é a mesma. Nunca mais será. Não apenas isso.



By Renata que acha graça de se perder dentro da própria cabeça.

Significado de dissimular

v.t. Não deixar aparecer; encobrir, fazer parecer diferente; disfarçar; fingir.

24 de outubro de 2009

Rebuliço bom

Posso estar mais magra, mais velha, mais chata... mas, sigo gostando de sair em excursões com as crianças.  Pensando nisso agora, parece simples dizer que é uma alegria genuína. Bom, levar a turminha para passeio cultural é ainda melhor.
Lá fomos nós numa van apertadinha assistir ao Grupo de Percussão do Cefar (BH). Já havia buscado informações sobre o trabalho, mas nada especificamente sobre aquela apresentação. Sentei-me no chão junto aos meus e então, no momento decisivo (o primeiro minuto dá a tônica do espetáculo), eu decidi me apaixonar de novo.
Assim como Doravante que sai em busca da amada Aventura reiventando a realidade e sendo presenteado por coincidências de todas as cores, me deu desejo de desejos. Tal como Madrugada, já tive desejo de tantas coisas! Agora, meu desejo é de sentir fome! De comer com a boca boa! De beijar sob chuva, de amar com o corpo, de céu estrelado.
De agora em diante, resolvi voltar a acreditar.  Doravante, vou ao encontro. Pode ser sorte, destino, acaso. Podem chamar do que quiserem,afinal cada  um tem seu repertório. A minha única exigência, ou melhor, meu desejo só deseja que não falte poesia. É o que move a roda do meu mundo.


By Renata que durante o espetáculo com a trilha sonora produzida a partir do livro Luna Clara e Apolo Onze, de Adriana Falcão, do Grupo de Percussão do Cefar, se lembrou de um menino que tem cachos, mãos morenas, flores no cabelo e "quefalatudojunto", assim como Doravante.


Luna Clara e Apolo Onze
Autor: Adriana Falcão
Ilustrador:  José Carlos Lollo
Editora: Salamandra
Convocação Geral”
Madrugada e Apolo Onze Dez convidam para a festa do nascimento de Apolo Onze.
Data: No dia que ele nascer.
Hora: Depende da hora.
Local: Desatino do Sul.
Traje: Bonito.
Obs: Como a festa não tem data para acabar é bom trazer escova de dentes”.

19 de outubro de 2009

porém, todavia, contudo, entretanto e no entanto.


Sou uma menina cheia de regras.
Deixar-se ser guiada por regras baseadas em outrem é, no mínimo, infantil.
Como é ingrato lutar pela sobrevivência e acabar levando rasteira logo de quem é mais próximo!
Uns sádicos diriam que pé de galinha não mata pinto. Outros, que verdadeiros amigos são aqueles que dizem a verdade por mais dolorosa que seja.
Masoquista ou não, concordo. É fundamental ter no amigo um freio, um sinal de alerta, uma basta... No mais, o mundo já é indiferente a cada um e se encarrega de ser madrasta. Entre amigos, além da sinceridade é essencial que haja empatia. Uma certa capacidade de se alegrar ou se entristecer pelo outro.
Sem a necessidade das adversativas.

By Renata que acreditou no Rubinho, adora horário de verão e está com o mesmo peso de 16 anos atrás. Época em que talvez a opinião dos outros pesasse menos.

3 de outubro de 2009




Não me considero saudosista.
Com tantas coisas boas que já aconteceram, eu seria muito boba se não me lembrasse delas.
E quantas pessoas! 
Passou, mas não são passado. Sempre que as invoco, elas ainda têm o poder de me fazer bem.
Não tenho fantasmas, tenho memórias. 
E tenho o direito de selecionar o que me convém. Uma edição de grandes momentos.
Os melhores ainda estão por vir.



By Renata que está consciente que anda em falta com muita gente e que isso não lhe faz bem. Feliz pelo Rio 2016!

19 de setembro de 2009

“sine qua non”



By Renata  que está em busca de experimentar coisas novas.

27 de agosto de 2009

"Sem assunto"

-E aí, me conta as novidades???

Prefiro conversar sobre metafísica a responder essa pergunta. Tenho a terrível sensação de que não tenho  nada interessante para contar. As pessoas desfilam suas incontáveis façanhas e eu continuo morando no mesmo lugar, Perseu vai bem , obrigada; não, não tive filhos e nem troquei o carro. Continuo trabalhando na mesma àrea... Ah, minha irmã se separou. Bem, não sei se isso se encaixa como uma novidade minha. Acho que não.
Fiz uma nova tatuagem, ganhei uma linda afilhada, escrevi um texto bacana para o teatro das crianças... mas são boas novas tão minhas que não interessam a ninguém.
Minha vida tá longe de ser monótona e além do bom papo, eu sei até dançar, mas minha periodicidade não é regular. Não tenho manchetes ou furos de reportagem, entretanto, conteúdo não falta.

By Renata que assim como Marc Chagall (ele mesmo), reinventa-se mesmo  usando temas recorrentes. Ah, o template é novíssimo! Todos os créditos para o Edinho. Obrigada!

*CHAGALL, Marc Wedding, 1918

21 de agosto de 2009

Mais de mim ou menos

Dizem que toda mulher se veste para outra mulher.
Não discordo, mas não é assim comigo.
Nunca tenho dúvidas de que roupa usar e sempre me arrumo com muita rapidez e certa objetividade.
Gosto de roupas coloridas, mesmo sabendo que não é o mais acertado.
Enfim, mas em uma coisa eu cedi às críticas: unhas pretas. Durante muito tempo, Black era meu esmalte. Acredito que ninguém gostava, mas quem tem que gostar sou eu, não é?
Em tese foi assim por um bom tempo, até eu me render ao misturinha, bem clarinho, mãos de mocinha.
Não sou boa em ser alvo de críticas. Me chateio com o menor sinal de desagrado. Aprendi a não me abalar, mas sempre dói.
Tampouco fico à vontade ao ser elogiada. Com certeza, não dói. Até porque não acredito em tudo que ouço.
As amigas sempre tentam levantar o seu astral, os homens, muitas vezes, têm segundas intenções, sua família... bem a minha família não é muito de elogiar.
De tudo de positivo que eu já escutei, o que mais marcou veio de uma mulher. Não era amiga, não queria ser, acho que nem ia muito com a minha cara. Mas, numa dessas rodas de bar, ela me disse:
- Eu não sou sapatão, viu?! Desde que te conheci, fiquei impressionada. Você é a mulher mais sensual que eu já vi.
A minha resposta imediata foi: "acho que você conhece poucas mulheres", e ri desconcertada.
Não me vejo assim. Não sou assim.

Mas, esse comentário foi como um sopro, de que talvez, as pessoas possam ter autonomia sobre o que pensam de mim. Um dia, espero viver bem com a realidade de que não posso controlar tudo e que deixar com que os outros me vejam com os próprios olhos, seja surpreendentemente bom.


By Renata que não se conforma que a noite seja feita para dormir. Justificar

15 de agosto de 2009

Incomodada ficava a sua avó

Como tem dia para tudo, dizem que hoje é dos Solteiros. Esse povo sobrevivente num mundo repleto de casais e de apontamentos para os que estão avulsos. Ou que são. Porque tem muita gente que é solteiro profissional ou inveterado, no popular. Claro que esses são homens, pois as mulheres são tidas como encalhadas mesmo.
Para quem ainda não achou sua cara-metade, vale acreditar que para todo pé torto, tem um sapato velho. Para aqueles que não usam velharias, por mais confortáveis que sejam, já ouvi dizer que o amor aparece quando menos se espera. Se você dorme com Deus, acorda com Deus e se pergunta "até quando, meu Deus?", lembre-se de que gente desesperada não é nada atrativo.
Não sei se existe solteiro por opção diante da última bolacha do pacote, mas sei que existe solteiro feliz. "O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade."Esse Sócrates sabia das coisas. Em tempo, ele era casado com Xantipa e pai de três filhos.


By Renata que dorme com seu gato desde os tempos de casada. Será que essa informação torna a situação menos clichê? rs

10 de agosto de 2009

Mais um na multidão


Numa conversa em mesa de bar num sábado qualquer desse inverno que nunca chega, eu descobri que lavo os cabelos bem menos do que a maioria, que as pessoas tomam banhos especias dependendo da ocasião e eu não. Que grandes amores têm ligação estreita com loucuras, performances, sexo fantástico. Os meus grandes amores não me remetem à sexo. As boas transas acontecem com quem eu transo. Sexo é igual a cerveja: maravilhoso para quem gosta. Percebi que intimidade é ultrapassar um limite invisível que cada um tem. O meu máximo de intimidade é algo totalmente banal para os que se sentavam à mesa comigo. Enxerguei que as pessoas querem ajudar, fazer parte e eu não dou muita chance. Descobri que só eu gosto de calcinha de oncinha, que tenho menos tolerância a pêlos e que chego a ser fanática por seriados de tv. Não tenho com quem conversar sobre os musicais dos anos 40, não tenho o que falar sobre motéis e não tenho ideia de quando, mas eu ainda vou conseguir me desgarrar de tudo. Antes, tenho que passar uma semana no Louvre. Ou seja, sou diferente como todo mundo é. Isso nos torna meio iguais, não?


By Renata que agora anda de ônibus, já que o carro foi roubado, guinchado, achado e agora, está na garagem, parado.

28 de julho de 2009

PERHAPS LOVE


Me perguntaram quais eram as minhas prioridades e eu não soube bem o que responder. Quero tanta coisa, mas não preciso de nenhuma delas. Tenho medo de querer tanto algo, que acabe virando necessidade. E não quero me prender a nada. Recuso necessidades. Gosto de um querer despreocupado.
Mas, um objetivo está me fazendo falta. Um sonho. Um gol.


By Renata que ainda não desfilou com sua nova tattoo por aí(vergonha).

23 de julho de 2009

Pretty in Pink


Dirigi de volta para casa imaginando como seria se minha vida fosse contada num romance. Afugentei os pensamentos que me desviavam dele. Era seu aniversário e em poucas horas estaríamos comemorando juntos. Tentei pensar no que vestir. Isso foi meio inútil, pois nunca consigo decidir essas coisas com antecedência. Passei no borracheiro para arrumar o pneu que havia furado há muitos dias. Apesar de odiar resolver essas coisas, não podia correr o risco de qualquer coisa dar errado na estrada a caminho da casa dele. Lá estariam as pessoas mais próximas da família e eu. Claro que isso me fazia sentir especial e por mais que eu tentasse não criar expectativas, era uma esforço em vão.
Sempre soube das limitações dos sentimentos dele por mim, mesmo que às vezes ele me surpreendesse, era nuvem passageira. Pior, já havia percebido um certo padrão: quando ele se aproximava demais, como fez essa semana, era questão de pouco tempo, ele me afastar ou simplesmente sumir por dias. Talvez isso fizesse parte de um jogo sádico de testar seu poder sobre mim. Talvez, essa fosse a nossa dinâmica de se contentar apenas com o suficiente.
O trânsito estava bom e eu cheguei em casa mais rápido que imaginei. O carro, depois da troca de pneu, estava bem mais estável. O tanque estava cheio. Era apenas tomar um banho, passar numa floricultura e antes do meio dia, estaria lá.
Chequei meus emails assim que alimentei meu gato à procura de qualquer hesitação da parte dele. Nada. Pensei em ligar e avisar que estava de saída, mas decidi que não era preciso. O convite havia sido bem claro. Meu celular tocou. Não reconheci o número. Atendi e era o aniversariante do dia. Almoço cancelado.


By Renata que se rendeu ao Twitter, a Crepúsculo, mas não se deixa derrubar.

*Foto do filme Sixteen Clandles.

7 de julho de 2009

Amar se aprende amando


Marcela me enviou por email um artigo intitulado: Um ano sem sexo.
Li e respondi à Marcela: prá mim, só faltam 6 meses.
A autora, a jornalista Hephzibah Anderson, diz que foi motivada pela dor de cotovelo. Também eu, certa vez, pela mesma razão, fiz voto de castidade que durou quase nada.
Mas, agora, é diferente. Os motivos que me levam à abstinência são outros. Vários outros. Todos eles convergem no mesmo ponto: superficialidade. Os encontros se tornaram tão superficiais que não há nem vontade de sexo casual. Pelo menos, eu não sinto. A entrega é cada vez menor, as pessoas não querem se mostrar, escondem sentimentos negativos. Todos fogem do conflito. Querem só a parte boa da relação. Quem não se dá, provavelmente nada recebe. E eis que surge mais uma relação sem vida, sem graça, sem nada que a sustente.
Num mundo cheio de instrumentos tecnológicos , as relações entre as pessoas acontecem com mais velocidade e com menos compromisso de continuidade. O dogma "o importante é ser feliz" é interpretado como: " o importante é eu me dar bem não importa às custas de quem, afinal a felicidade é efêmera".
A entrega é uma atitude, é acreditar em si e apostar no outro. É disponibilidade.
De que outra forma aprenderíamos a amar?


By Renata que se emociona com seriados de tv e não se cansa de assistir Thriller.

Ilustração:http://lezio.junior.zip.net/index.html

17 de junho de 2009

Idílica


Ei.

Acabei de assistir Mulher Invisível e me lembrei de você. Da gente. Vezes um, vezes o outro.

Dos ideais que talvez até sejam reais, mas que a distância, a vida, a disponibilidade...

Da projeção dos nossos sonhos no outro. Do encontro dos sonhos no outro.


Provavelmente você é a pessoa mais parecida comigo e como é reconfortante me saber em alguém.


Como o filme dá sentido na gente se achar, quando a vida se mostra como ela é: de verdade.


Saudades.


Sua sempre.


By Renata que tá atrás de um teto e algo que aqueça o coração.

10 de junho de 2009

faladeira



“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Prov.4:23).




By Renata que perdeu o sono essa noite.

9 de junho de 2009

Sobre o silêncio


Não é a ausência.

As palavras teimam em te procurar a cada encontro.

Anseiam serem soltas, desgarradas.

Desejam que você as reconheça, as guarde para si.

Não como um segredo. Mas, como aquilo que é.

Bastava você ouvir, mesmo que para isso, eu não

precisasse falar.


By Renata que talvez não consiga conviver com o silêncio porque alguém pode prestar atenção nela e saber sobre as suas verdades. Ou porque se identifique muito com a Clarice Lispector:

"Por te falar eu te assustarei e te perderei ?
Mas se eu não falar eu me perderei e, por me perder, eu te perderia."



O Silêncio Constrangedor foi o tema proposto pela Branca do blog
http://scriptmanent.blogspot.com/. De lá pra cá, ele rodou por outros blogs. E eu entrei na história porque falo demais! Tem mais lá no: http://besantanna.blogspot.com/2009/06/sobre-o-silencio-constrangedor.html

2 de junho de 2009

O casamento da amiga

Fomos assistir Eu odeio o Dia dos Namorados. Apesar do título sugestivo, o maior atrativo foi o casal de protagonistas, o mesmo de Casamento grego. Ou seja, ninguém foi atrás de maldizer a data mais romântica do ano e sim, reviver a fantasia da gordinha desajeitada que conquista o bonitão que não sabe que é lindo.
Eu saí suspirando do cinema e prometendo a mim mesma em voz alta que não assistiria mais a comédias românticas (em menos de uma semana quebrei a promessa).
As mesmas histórias, as mesmas reviravoltas, os caras legais que ninguém nunca notou... tudo a mesma coisa! Bem, nem tudo... menos de 2 semanas do dia 12, eu estou ótima! Afinal, já tenho programa, companhia e motivo para comemorar. Na verdade, preciso apenas de um vestido!

By Renata que sabe que a felicidade é a melhor coisa que existe. Mesmo não sendo a própria.

25 de maio de 2009

esquivadora


-Você namora?

-No momento, não...

- Tô perguntando se você costuma namorar?

- Como assim?

- Se você gosta de namorar ou se gosta mesmo de curtir em baladas....


Fiquei assustada com a pergunta repentina que veio de uma desconhecida nos 5 primeiros minutos de conversa. Desde que uma amiga me disse que tenho problemas de auto-imagem, me preocupo com o que os outros pensam de mim. Aliás, me interesso.
E fico chateada quando me julgam mal e nem adianta falar que nem Jesus agradou a todos. Por que alguém não gostaria de mim? Daí a explicação para os meus problemas de auto-imagem.
Mediante a quais informações alguém bate o martelo? Jeito de vestir?
roupa curta=piranha ou roupa curta=tranquila com o corpo?
extroversão = alto astral ou extroversão = falta de vergonha?
solteira = encalhada ou solteira = melhor do que mal acompanhada?
muitos amigos = carência ou muitos amigos = diversão?
calada = misteriosa ou calada = sem assunto?
falar de sexo=fazer sexo com todo ser vivo ou falar de sexo = encarar como um assunto normal para pessoas adultas?




Acredito que as pessoas enxergam as outras através dos seus olhos, das suas experiências, da sua janela que em muitos casos está embassada.

By Renata que estava com muitas saudades dos amigos, que se esbaldou no show da Beth Carvalho e que prefere viver sem frescuras.

21 de maio de 2009

Controladora


Resolvi que ia ser sobre o amor, principalmente sobre o amor e seus infortúnios.
Tragédia vende mais, pensei.
A felicidade além de incomodar alguns, beira o ridículo. Aliás, não beira não, é ridículo mesmo.
Só quem entende aquele ser abobalhado, é seu semelhante.
E eu me convenci de que estes são poucos. Sendo assim, tratemos dos dissabores das relações.
Vez ou outra, não consigo controlar o sorriso e... lá estou eu toda boba!
Vontade de dar certo ou mesmo, vontade de dar. Simples assim.

By Renata que pintou as unhas dos pés e das mãos de vermelho. Dizem que pra tudo há uma primeira vez.

16 de maio de 2009

Número errado


Sou desconfiada até debaixo d'água. Desconfio de quem elogia demais, de homens sensíveis, mulheres bem resolvidas, de telefonemas "só-liguei-para-saber-de-você". E esses telefonemas estão constantes, coisa que eu adoro porque me fazem conversar com as pernas para cima, mexer no cabelo... Mas, são telefonemas "só-liguei-para-saber-de-você". Saber de mim o que? Continuo linda, leve e solta e para me cozinhar agora, tem que ser na panela de pressão!

By Renata que prefere alimentos crus e que acredita que quem muito espera, cansa.

12 de maio de 2009

Aconteceu comigo


Admito. Levei um bolo.
Era um daqueles desastres que eu acreditava ser imune.
Mas, como ficou provado no último sábado, não sou. Como também não sou imune a traições, mentiras, sexo sem telefonema no dia seguinte... a lista é infinita.
Falando assim, parece que sou imune apenas a caras legais, cinema a dois, dvd com pipoca em dias chuvosos, sexo com intimidade, a alguém que valha a pena.
De repente, sinto-me a heroína desses filmes românticos bobocas que é toda atrapalhada quando se trata de amor, porque privilegiou a carreira ou porque se esconde atrás de óculos fundo de garrafa. Ou ainda, por ter sofrido nas mãos dos exs calhordas.
Mas, peraí! Essa não sou eu. Sou apenas uma garota que levou um bolo de um cara e que sabe que não é imune a nada, nem às coisas boas.

By Renata que pelo menos, não gastou a depilação à toa.

30 de abril de 2009

A menina e as palavras


Eu era adolescente quando recebi uma carta que terminava assim: "Ai, se você fosse ao vivo como é por carta!"
Troco os pés pelas mãos, acho o silêncio pertubador e geralmente, tomo a atitude errada, precipitada. Pessoalmente, também me prefiro escrita. Como a vida é feita para viver e não para ser lida, estou em desvantagem.

By Renata que recebeu um telefonema ontem e quis tanto ter dito a coisa certa...

20 de abril de 2009

Menu variado


Costumava me perder em restaurantes self-service. Opções demais! Inevitável não misturar feijoada com strogonoff. O tempo, a prática e também as imposições do regime de refluxo me fizeram ser mais objetiva. Falta conseguir essa objetividade nas relações. Às vezes, tudo que eu queria era ter só uma opção!

By Renata que se divertiu saindo com as amigas casadas e sendo a única opção!

15 de abril de 2009

Love

Não há quem tenha a definição acertada
o exemplo mais cabível
a palavra que resuma.
Todo mundo quer para si
nem todos o reconhecem

muitos juram que não existe.
Nem sempre é recíproco
Coisa rara

Metafísica.

Um pouco física
e muito de alma.
Ideal

Ridículo

Possível

Sorte

Entrega e fé.





By Renata que vai tentar deixar o barco correr. Sem pres
sa.

9 de abril de 2009

Por que não?


É proibido pisar na grama, fumar aqui e ali, falar no celular no trânsito. É imoral não ser politicamente correta. É ilegal sonegar. É deselegante faltar à certos compromissos.
A vida te cerca com tantos nãos que a gente concorda em não se permitir.
Eu só queria os seus beijos e esquecer que não é para ser. Não me falta juízo, me sobra uma vontade louca de sorrir pra você com olhos de quem espera ser devorada.

By Renata que gosta de saia curta e de carinho no braço.

7 de abril de 2009

Vincent Van Gogh, Old Man in Sorrow.



Viviam me falando que eu deveria me envolver ou deixar me envolver por um homem mais velho, assim por volta de 40, 45 anos.
Mas, eu não gostava da aparência, do jeito, acreditava não ter nada em comum e pasmem, pensava que não saberia nem conversar com o senhor em questão!
Bom, o tempo, sempre ele, se encarregou de me tornar e todos ao meu redor, pessoas mais experientes, por assim dizer. Dessa forma, 10 anos depois, reencontrar a paixão da adolescência, aquele gato mais velho, foi reencontrar um homem de 40 e poucos anos.
Foi assim que os quarentões se tornarão bem mais próximos do que eu um dia imaginei.
E de perto, ninguém é normal, nem os gatosos, como eu gosto de chamá-los. São medrosos. Têm fobias de relacionamentos. Ou já foram casados ou contam com orgulho que nunca caíram nessa armadilha. São frustados por não terem filhos ou se sentem muito responsáveis por serem pais de adolescentes e juram não querer mais filhos. Acredito que devam ser os caras que mais usam camisinha. Gostam de ainda pegarem as meninas de 20, mas não têm paciência para elas. Saem com as de 30, mas se sentem intimidados pela independência delas e fogem quando imaginam que isso pode vir a ficar sério.

Os gatosos não sabem brincar, até porque já passaram da idade. Estão cansados, apesar de não assumirem isso. Perdem o ritmo a todo momento. Eu até consigo achar graça desse descompasso, do cabelo branco bem cortado, do tênis colorido com calça jeans, desse jeito de menino que não cabe mais no play e não sabe pra que lado correr!

By Renata que prefere rir ao invés de chorar. E gatosos ao invés de gatinhos. Apesar de.

2 de abril de 2009

O que eu tenho de errado?



- O que eu tenho de errado?
As amigas logo se apressam a responder genericamente: Nada!
- Como nada? Alguma coisa eu devo ter, não é possível!
- É, talvez seja porque você assusta os homens.
- Eu? Por um acaso tenho cara de lobo mau? Inclusive, aposto que muitos homens são loucos por uma lobo mau.
- É... tem doido pra tudo...
- Menos por mim!


Meio minuto de silêncio. Dois goles de vinho.

- Bom, deve ter algum problema mesmo...

- Eu sei que tenho.

- Ah, eu acho que não tem não. Você é... linda, blá, blá, inteligente, blá, blá, divertida, blá, amiga, blá, blá...independente, blá...
- Tem gente que acha isso problema.
- Todo mundo acha que mulher independente é problemático!
- Mas eu não sou!
- Mas todo mundo acha que é.
- Na boa, gente, não acho que seja isso.
- Sei...
- Mas, que tem um problema tem...

- É...

Ainda bem que temos muito vinho, porque respostas, nenhuma.


By Renata que às vezes desiste de entender, mas é muito racional para fazer isso o tempo todo.

26 de março de 2009

Balanço

Galo: quase campeão
banheiro: quase pronto
gripe: quase curada
semana: quase acabando
salário: idem

By Renata que quer mais que o suficiente.

13 de março de 2009

R de romântica


Quando se trata de você, sou romântica.
Quero ter filhos, ganhar presentes, conviver com a família, cuidar da casa, saber onde se guarda a louça.
Quando se trata de você, quero ser amada.

By Renata que geralmente acha o romantismo uma cafonice.

2 de março de 2009

À distância


Tento não pensar na esperança de que as coisas voltem ao que eram: você aí, eu aqui.
Apenas um pensamento avulso, gosto qualquer de uma lembrança, capítulo do que já foi.
Mas, tá quase impossível conseguir ficar um minuto sem a imagem de cada pedaço seu em mim, do seu cheiro emaranhado ao meu, da risada solta, do assunto que nunca acaba.
No fundo, quero que as coisas possam ser: você e eu no mesmo lugar.



By Renata que quer reformar o banheiro mesmo sem querer usá-lo por muito tempo.

12 de fevereiro de 2009


Falar é importante. De outra forma, como as pessoas vão saber o que você pensa?


Calar também é importante, pois como você vai saber o que as pessoas pensam?


Na minha lista de promessas de início de ano, falar pouco aparece pelo menos umas três vezes. A lista não tem muitos itens, mas assunto tenho de sobra!

Falo muito quando tô alegre. Tristeza não combina com som. A tristeza é muda. Falo muito quando gosto de alguém. A ofensa não deveria existir, portanto da minha boca não sai. Falo demais quando tô esperando alguma coisa. Expectativa é barulhenta. Descrença é apática, rouca. E felicidade, então???? Não dá para ser feliz no miudinho. Preciso da bateria de uma escola de samba!


By Renata que fez aniversário essa semana e que vive em pleno carnaval.

8 de fevereiro de 2009

Egocentrismo


Até ontem você tinha alguém, daí num certa manhã, você acorda sozinha.
Tá, as coisas não acontecem assim, da noite para o dia, mas é fato que qualquer separação tem gosto de abandono. Seu ou da outra parte.
Ir embora tampouco é fácil. Ser a vítima da história tem uma reconfortante sensação de que você não tinha outra opção a não ser, aceitar. Claro que há aquela parcela ínfima da população que toma a decisão mutuamente(acho lindo gente madura).
Eu não lido bem com separação. É estranho como vivo com a lógica incerta de que pessoas a gente soma e não subtrai. Vivo sem coragem de encarar que as pessoas têm suas razões. Quando vou entender que eu não preciso reviver toda separação?


By Renata que anda mais animada com a vida do que nunca. Leia-se frenética.

P.S. Uma coisa puxa a outra agora só ao vivo e cheia de cores. Valeu, Pati!

27 de janeiro de 2009

Histórias do interior


Eu me apegara ao galo e às galinhas do caseiro do meu pai. Eram 3 galinhas. Apenas uma não tinha o pescoço pelado e somente esta não estava chocando.
O galo me impressiora pelo tamanho. Nunca tinha visto um galo tão grande! Era imponente. Forte. Nos olhava de cima e acreditava ser o dono daquele terreno irregular.
Pelas manhãs, íamos conferir se a Maricota havia dado a luz. Sem internet ou noção do assunto, ninguém se entendia quanto à duração da gravidez.
A galinha emplumada vinha há dias ciscando na entrada da casa. Numa tarde, após acompanhar a visita ao portão e recolher as roupas do varal, a encontrei próxima à escada. Corri, busquei um pedaço de pão como quem oferece uma xícara de café e joguei umas lascas em sua direção. A galinha claramente não gostou. Deu um grito, ao qual o galo respondeu prontamente, e foi ter junto a ele. O galo me lançou um olhar do tipo "não-mexa-nas-minhas-gavetas" e logo pulou em cima da galinha.
Não sei se a investida dele obteve sucesso, pois me pareceu rápida demais. Mas, logo seria noite e os dois subiram no primeiro galho de uma àrvore. Tampouco sei se galinha sonha. Já eu tenho sonhado com um galo para cantar no meu terreiro.


By Renata que tem mais motivos para ir à Vitória e Vila Velha e é Galo até morrer!

9 de janeiro de 2009

Poético


Adormeci pensando
numa poesia tal
em que seu onde
fosse o meu lugar.



By Renata que queria que a vida fosse simples assim.

autor da foto: Bê Sant'Anna