21 de dezembro de 2007

Pedidos


Querido Papai Noel,


já ensaiei várias vezes escrever para você, mas ainda não consegui concluir. E tenho tanta coisa para fazer! Já estou arrumando a minha mala, comprei a maioria dos presentes, mas como sempre, estou atrasada.

A verdade, Papai Noel, é que tenho muito o que pedir. Então, vamos lá:


  • que não falte trabalho

  • que não falte amigos

  • que sobre motivos para se comemorar

  • que a tristeza inevitável seja passageira

  • saúde para dar e vender

  • paciência, tolerância e humildade

  • momentos de extravagância (afinal quem não gosta de um luxo de vez em quando?)

  • paz, amor e música da boa!

Com amor e o desejo de uma feliz natal,


Renata.



By Renata que é emotiva nessa época do ano. E carente.

14 de dezembro de 2007

Era só uma menina


Ele era português. E tinha todo aquele jeito fechado de europeu. Apesar de falarmos o mesmo idioma, nem sempre eu entendia alguns dos seus modos e conversar ao telefone chegava a ser hilário. Não ficava calada para ouvir um fado inteiro e me sentava ao seu lado nos restaurantes, o que ele encarava como falta de interesse de minha parte. (muito depois fui saber que casais se sentam de frente para se olharem).

Foi um namoro pouco convencional. Desde o início, tinha data de vencimento. Ele voltaria para Portugal e deixou claro que a distância não era um obstáculo, era o fim mesmo. Talvez por isso, nunca falamos a respeito, nunca trocamos endereços, nunca me entreguei de verdade.

Nos víamos aos fins de semana e geralmente estávamos rodeados de pessoas. Amigos, colegas de trabalho dele e gente que não acabava mais em festas que apareciam a todo momento. Ele nem sempre ia, mas não ligava que eu fosse, desde que chegasse na hora combinada.

Bravo para um rapaz que tem a altura do Tom Cruise!

3 coisas o incomodavam muito:

- acordar com o barulho das minhas amigas que passavam a noite no sofá

- meus pijamas de ursinho

- eu gostar tanto de estar no meio de todo mundo!


Bom, eu passei a usar pretinhos básicos. Valia a pena para acordar e escutar que meu ronco era um canto de sereia, um ronronar de gatinho e depois sair juntos para tomar um pequeno almoço.

O dia agendado chegou. Não houve despedidas. Apenas um telefonema que me fez entender que mesmo com toda a racionalidade dele, ele havia sido pescado.


By Renata que esta semana teve a pior TPM de todos os tempos e recebeu um email além-mar depois de tantos anos.

11 de dezembro de 2007

Desmedida

Em meio a uma colherada e outra de risoto meio sem sal, sai a seguinte frase:

- Da Renata eu já desisti! Ela não vai arrumar homem mesmo!

Juro que meu primeiro ímpeto foi concordar, afinal grande parte de mim, também desistiu. Mas fiz uma cara de assustada como que perguntasse: E de onde você tirou essa idéia? E apenas disse: Será? E sorri.

Continuei a comer a carne que estava bem salgada. Mas o assunto já havia contaminado o ambiente. Uns riam, outros descordavam, censuravam quem havia ousado pensar aquilo em voz alta. No fundo todos deviam pensar que eu devia ser um caso perdido. Quando aparece alguém na minha vida, ou não demora a desaparecer ou parece muito suspeito.
Nem sempre foi assim. Saía de um namoro e entrava em outro. Namoros longos! Mas os namoros foram ficando mais curtos, assim como a minha paciência. Poderia citar mil motivos. Desde a independência feminina, passando por questões estéticas, sociais e até macumba! Mas, de novo, vou apenas sorrir.
Ainda bem que o maior amor de todos é o amor-próprio.
Mas não é o único, né?
Quem sabe em 2008?

By Renata que pede muito a Deus que da sua boca não saia palavras que ofendam alguém e que anda sonhando toda noite

9 de dezembro de 2007

De afrodisíacos

Tenho um pouco de pudor de contar, mas só um pouco, porque sei quevou acabar contando mesmo. É porque lá em casa a gente não podia
falar nem diabo, que levava sabão, quanto mais... ah, no fim eu falo. Coisa do Teodoro, ele quem me contou, você sabe, marido depois de um certo tempo de casamento fala certas coisas com a mulher. O seu não
fala? Pois é, e de novo tem um tempão que aconteceu. Lembra aquela história dos queijos? Igual. Demorou um par de anos pra me contar. O pessoal dele é assim, sem pressa. Tem uma história deles lá, que o pai dele, meu sogro, esperou 52 anos pra relatar. Diz ele que esperou
os protagonistas morrerem. Tem condição? Mas o Teodoro — foi quando a gente mudou pra casa nova — teve de ir nas Goiabeiras tratar um marceneiro e passou, pra aproveitar, na casa da tia dele, a Carlinado Afonso, e encontrou lá o Gomide. Tou encompridando, acho que é só
por medo do fim, mas agora já comecei, então. Então, diz o Teodoro,que o Gomide tirou do bolso do paletó uma trouxinha de palha de milho, cortadas elas todas iguaizinhas e amarradas com uma embirinha da mesma palha. Escolheu, escolheu, pegou uma bem lisa e bem branquinha,
tirou o canivete do outro bolso, lambeu a palha pra lá, pra cá, e ficou um tempão lhe passando firme a lâmina, do meio pras pontas, deponta a ponta, entremeando com lambidas. Depois, ainda segurando a palha entre os dedos, foi a hora de tirar e picar o fumo de rolo bem
fininho. Ia picando e pondo na concha da mão. Acabou, guardou o rolo e ficou socavando o fumo na mão com a ponta do canivete. Depois pegoua palha, mais uma lambida e foi pondo nela o fumo, espalhando ele por
igual na canaleta formada, pressionando bem pra ficar bem firme. Deu mais uma lambida na parte mais próxima do fumo e com os polegares eindicadores foi enrolando o cigarro devagarinho, uma enrolada e uma lambida, uma enrolada e uma lambida. Com o canivete dobrou uma das
pontas para o fumo não escapar, tirou a binga do bolso, acendeu e pegou a pitar. Agora é que vem, ai, ai. Teodoro falou que o tempo todo da operação ele não despregava o olho daquilo. Disse que nem sabe o que tia Carlina arengava, só punha sentido no Gomide fazendo o
pito. Diz ele que foi uma coisa tão esquisita — esquisita, não —, tão encantada que ele ficou de pau duro. É isso. Falou também que ficou doido pra sair dali, comprar palha, fumo de rolo e repetir tudo igualzinho ao Gomide. Eu entendo. Quando conheci o Teodoro, ele
fumava e eu achava muito emocionante. Tenho muita saudade de quando não existia essa amolação de cigarro dar câncer, nem de mulher ser magra. A gente tinha mais tempo para o que precisa, não é mesmo? Será que faz mal mesmo? Colesterol, depois de tanto barulho, estão falando
que já tem do bom. Qualquer dia vou pedir ao Teodoro pra dar uma fumadinha, só pra fazer tipo.
Contribuição da Patrícia by Adélia Prado

7 de dezembro de 2007

Parece dezembro


Ando me deparando com muitas caras cansadas, corpos arriados, verdadeiros pedidos de férias ambulantes!
É o que se espera do final de ano. As pessoas estão no seu limite.
E, claro, fim de ano também tem chuva no meio da tarde para deixar o trânsito ainda mais infernal, filas nas praças de alimentação de shoppings, amigo oculto da empresa com direito a festinha de confraternização na qual você tem a chance de beber mais que devia e fazer coisas para se arrepender depois.
O meu dezembro anda dourado. O trabalho não foi suficiente para me cansar e passei ilesa pela festinha. Tantos amigos a celebrar... que haja fígado para tanta bebida! O calor desmedido abrandou. A passagem para meu lugar preferido foi comprada por cinqüenta centavos. Novos projetos. Carnaval de presente antecipado. Meu time embalado para o ano 100... enfim, tudo muito bem, obrigada! Se você sentiu falta do amor nessa lista, saiba que eu também!

By Renata que quer sua máquina digital de presente de Natal! E uma bermuda, um tênis, um laptop pequenininho, um livro, um biquini, saúde e paz pra mim e para os meus!