25 de março de 2007

Amores

O primeiro era lindo com seus mullets anos 80. Daí teve aquele que não tinha beleza, mas não lhe faltava popularidade. O bem mais velho que povoava a imaginação desde sempre.

O que foi carinhoso, o carente e teve até o surfista. Meio loiro, meio bobo. E teve aquele moleque. Moleque no bom sentido. Parecia ligado na tomada! E teve também o alto, magro, olhos claros e nariz vermelho pela constante rinite. O de voz sedutora e aparência nem tanto. O bem mais novo, o virtual, o que era noivo e até o casado.

Houve o peão que tinha tantas outras. Além disso, teve o gordinho, baixinho, careca, gago e fanho. Tudo num só! O rico, o metrossexual, o de esquerda, o português, o russo, o que morava nos EUA.

O vizinho, o malhador, o que voltou depois de tanto tempo, o que ficou menos tempo do que eu esperava. E teve o que passou, o que não me recordo o nome, o que teria dado certo. O amigo, o que eu nunca mais vi, o que nunca partiu.


By Renata que tem muita preguiça de arrrumar a sua mudança. "Estamos indo de volta pra casa..."

24 de março de 2007

E.T.A.

Coisa estranha é o amor. Faz da gente seu refém e ainda assim ninguém se sente alguém sem amar um outrem.
Perguntei o que era amor e o que era tesão. Respondeu-me que era impossível distinguir nessa situação. Mas que era amor, isso era. Já passara por tantas provações e continuava amor. A maior provação foi o reencontro depois de tanto tempo. Reencontro dos dois em plena realidade. Com hálito da manhã, rosto sem maquiagem, stress de trânsito.
Mas tudo isso, além do ronco, da voz alta, das amigas escandalosas, parece que fez esse tal de amor crescer. E quem ama tem urgência. E foi assim que ela pegou aquele avião.

By Renata que queria ter ido ao show do Roger Waters.

22 de março de 2007

Poema bobinho


Eu queria ser uma princesa

das que têm cabelos longos,

fadas-madrinha e um final feliz

que a espera.


By Renata que queria que a vida fosse mais simples e que seu destino já estivesse traçado e fosse bom demais!


13 de março de 2007

Ciclo vicioso

Porque já estava assim, fraca, há muito tempo. A alma era de uma daquelas donzelas tuberculosas do romance que lera na adolescência. Cortar-se e voltar inteira era uma idéia mais romântica do que prática. O cansaço dos anos já era visível. O àlcool a ajudava a dormir e o amanhecer a voltar acreditar. De tudo lhe restou tão pouco
que não deixaria o amor lhe tirar isso.

By Renata tendenciosa em acreditar nas coisas efêmeras.

6 de março de 2007

Vestidinho







By Bruno numa manhã inspirada, como sempre!

Vida Diet

A gente se acostuma com tudo
A tudo a gente se habitua
E até não ter um lugar
Dormir na rua
A tudo a gente se habitua

Me habituei ao pão light
À vida sem gás
O meu café tomo sem açúcar
E até ficar sem comer
Sem te ver
A gente custa mas se habitua

Sem giz, sem água
Sem paz, sem nada

Não vai ser diferente
Se eu me for de repente
Se o céu cai sobre o mundo
E o mar se abrir
Em um inferno profundo

Se acostumou sem querer
Ao salto alto
Salário baixo, à vida dura
E até ficar sem tv
É bom pra você
Televisão ninguém mais atura

Sem giz, sem água
Sem paz, sem nada

Não vai ser diferente
Se eu me for de repente
Se o céu cai sobre o mundo
E o mar se abrir
Em um inferno profundo

by John Ulhoa, mas se encaixa perfeitamente a Renata...

4 de março de 2007

Quimera

A Renata melhorada sabe falar espanhol. Adora fazer ginástica e não come carne. A Renata melhorada acha que tá na flor da idade e tem muitos planos para a vida. A Renata melhorada vai sempre ao dentista e nunca tem insônia. Liga semanalmente para a avó e odeia fofoca. A Renata melhorada já encontrou o amor, não xinga no trânsito e não atrasa o pagamento das contas. Vai à missa toda semana, faz trabalho voluntário, arruma a cama pela manhã e escreve coisas sérias. A Renata melhorada tem os seios bem menores, uma bunda boa e toca piano. A Renata melhorada tem mais tatuagens, Natal em família e entende muito de arte. Leu tudo de Nietzsche, sabe poesias de cor e entenderia que o passado já passou. A Renata melhorada corre maratonas, foi à India e faz coleção.

By Renata. Na real.

3 de março de 2007

Desgosto

Eu sou muito sem-vergonha. Diante da maior crise o pessimismo não encontra abrigo em mim, a gargalhada atropelha o choro e eu ainda planejo ir dançar em algum lugar.
Pode parecer uma grande qualidade, mas não sei se é. Me assusto como as coisas e as pessoas se tornam indiferentes em pouco tempo. Não que não me lembre delas. É que elas só se encontram nas páginas coloridas da memória. Deleto toda e qualquer mágoa. Isso não me faz superior, isso me faz mulher de malandro.
Não que eu defenda alimentar o rancor e se remoer eternamente. Mas guardar o que de mal lhe fizeram é no mínimo o principal item do kit de sobrevivência. Diferentemente de mim que tenho complexo de fênix. Olha, ressurgir das trevas dá um trabalhão danado e banaliza a dor.
Além de tudo, me tornei cínica e pouco cética. Não acredito, mas tudo bem. Desconfio, mas tudo bem. Sei que é mentira, mas tudo bem.
Como assim tudo bem?

By Renata que desconfia de tanta habilidade para fugir da tristeza.