5 de maio de 2006

Os meus


Família. Dizem que é apenas o ponto de partida. De onde você vem. Quem te coloca no mundo, te alimenta, te dá estudo, formação, roupas, um teto(de preferência um lar), cuida de você até você achar sua tribo.
Minha família, essa de origem, é um pouco fora do padrão. Nada demais. Mas é que nunca tive aquele lance papai, mamãe, madrinha...
Meu pai é paulista e diferentemente do Chico Buarque, meu avó não era pernambucano e sim libanês. Lembro-me dele, na sua casa em Tietê, interior paulista, ouvindo Gil Gomes no rádio, jogando paciência, óculos na ponta do nariz, que por sinal era protuberante, e sempre com um mata-moscas ao lado. Ao menor sinal de um inseto...spaft!
Minha avó era italiana. Bochechas redondas, coque preso numa rede e um sorriso delicioso no rosto. Meu pai é o caçula de 12 irmãos, por isso só lembro deles bem velhinhos. Vô de boina e vó de vestido floral.
Já minha mãe é de Goiás. Terra de mulher grande! Nasci lá também, assim como meu avós que eram primos de primeiro grau. Do meu avô, pouco me lembro. Ele morreu num incêndio na fazenda quando eu tinha apenas 1 ano. Minha mãe fala com orgulho dele e como eu fui a primeira neta, conta que eu era o xodó e toda noite ele dava uma volta de carro comigo para me fazer dormir. Minha avó está viva. Aliás, cheia de vida! Não completou 70 anos e se casou recentemente com um jovem senhor de 53 anos. Está no quarto casamento. Hoje mora em Anápolis, interior goiano. Lembrei-me disso hoje ao ver uma placa num carro. E sempre me lembro da minha vó. Conto com orgulho o amor dela pela vida e como vive apaixonada! Apesar disso, nunca ligo para ela e não há vejo há anos. Sei que ele se ressente disso, afinal eu era grudada(sic) nela quando nova. E ela costurava vestidos para mim. Muitos. Eu não repetia roupa.
Ainda nova, nos mudamos para Recife. E de lá para Machado(MG) e acabamos aqui em Beagá. Minha irmã nasceu aqui. Eu já tinha 4 anos. E assim, ficamos eu, meu pai, minha mãe e Claudinha na capital mineira. Meu pai viajava muito a trabalho, de modo que na verdade éramos 3. Em Belo Horizonte, meus pais compraram o primeiro apartamento, num bairro novo, para além dos contornos projetados inicialmente para a cidade. O bairro estava sendo construído. E os moradores eram recém casados com filhos pequenos. O bairro cresceu, as crianças cresceram e alguns casamentos foram desfeitos. O dos meus pais foi um deles.
Eu tinha apenas 11 anos e não entendia bem porque alguns pais proibiram as filhas de serem minhas amigas e porque nossa casa não era mais o pólo das festas e encontros. Paramos de frequentar o clube e minha mãe chorava muito.
Não existe separação sem perdas. E dentre tantas perdas, eu perdi o Natal. Puxa, justo o Natal! Não tinha mais sentido comemorar apenas eu, minha mãe e minha irmã. E já não tínhamos dinheiro para viajar para Goiás ou São Paulo a fim de celebrar com os familiares. E desde então, cada Natal é entre amigos. Ou apenas eu e minha mãe. E alguns, apenas eu.
Tenho muitos amigos! Não me faltam convites, não. Mas sei lá, em alguns anos me dá uma vontade de passar com a minha família, de não me sentir intrusa na família alheia. Aí, passamos eu e Perseu, meu gato. A casa toda enfeitada. Afinal, é natal!

A minha idéia hoje era falar sobre a minha tribo, os meus amigos. A família que eu escolhi. Que me apóia, me diverti, me irrita, me chateia, me ama, me aceita, torce por mim e torce o nariz para mim. Mas como uma coisa puxa a outra, acabei por falar da minha família. Complicada, imperfeita, cheia de brigas, com 2 novos irmãos por parte de pai, mas que se cuida e se ama, apesar de não falar sobre isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Confessions Of a Broken Heart
(Confissões de Um Coração Partido)
Composição: Lindsay Lohan

Eu espero pelo carteiro, para que ele me traga uma carta
Eu espero que o bom Senhor me faça sentir melhor
E eu carrego os pesos do mundo nos meus ombros
Uma família em crise que somente envelhece

Porque você teve que ir
Porque você teve que ir
Porque você teve que ir

De filha para pai, de filha para pai
Eu estou quebrada mas estou esperando
De filha para pai, de filha para pai
Eu estou chorando, uma parte de mim está morrendo e
Estas são, estas são
As confissões de um coração partido

E visto todas as suas velhas roupas e o seu sweter de polo
Eu sonho com outro você, um que jamais(jamais)
Me deixaria sozinha para juntar as peças
Um papai para me pegar no colo, é o que eu queria

(então) Porque você teve que ir
Porque você teve que ir
Porque você teve que ir

De filha para pai, de filha para pai
Eu não conheço você, mas ainda quero conhecer
De filha para pai, de filha para pai
Diga me a verdade, você já me amou?
Porque estas são, estas são
As confissões de um coração partido

Eu amo você, eu amei você
Eu amo você,eu,
Eu amo você

De filha para pai, de filha para pai
Eu não conheço você, mas ainda quero conhecer
De filha para pai, de filha para pai
Diga me a verdade, você já me amou?
Você ja me amou?
Estas são
As confissões de um coração partido

Eu espero pelo carteiro, para que ele me traga uma carta...