22 de maio de 2006

Para não esquecer

"Ainda me lembro bem daquela quinta feira..."
Qual é a minha quinta feira? Não que minha memória possa ser motivo de orgulho, mas me lembro de muitas quintas feiras!
Lembro-me do meu primeiro beijo e o diálogo que o antecedeu. Do primeiro namorado, suas roupas, seu tênis Redley bicolor que combinava com a blusa de lã azul e vermelha. Eu usava bota branca, jaqueta jeans com imensas ombreiras e brincos de pele de coelho. Não era o figurino de uma festa brega. Eram os anos 80 e sua moda fatídica, da qual era refém.
Dentre minhas quintas-feiras está a notícia de aprovação no vestibular de comunicação social que teve direito à recadinho na FM. A primeira viagem para Arraial d' Ajuda. Acordar e me deparar com a praia mais linda que eu tinha recordação. A chegada do Perseu que de tão pequeno se perdeu no painel do carro, o nascimento da Cat ao vivo e a cores, a notícia de que eu seria tia!
Algumas quintas-feiras deveriam ser apagadas da memória. Se bem que na vida nem tudo são flores e essa é uma lição que faz com que valorizemos as coisas boas, por menores que sejam. A notícia do acidente da minha mãe que foi como aquela história do gato no telhado. A quinta-feira em que fui assaltada à mão armada, a vez que me perdi numa trilha ecológica, uma briga de casal que acabou com o olho roxo, o primeiro Natal sozinha em casa, a mudança da rua Plínio de Moraes.
Algumas quintas-feiras são comuns a todos. Não me esqueço da notícia vinda do alto-falante na Afonso Pena sobre o acidente do Ayrton Senna. Também sei contar onde estava quando os Mamonas morreram e foi assim com o Tancredo, com o impeachment do Collor, com o atentado às Torres Gêmeas, com a desclassificação do Brasil na Copa de 82.
Algumas lembranças são inevitavelmente atreladas a um gosto, um cheiro, uma música...
Bolinho de chuva é a própria Vó Ana. Hoje tocou no rádio "menina, que um dia conheci criança, me aparece assim de repente... linda, virou mulher..." e na hora fui parar nos acampamentos de férias na altura dos meus 11 anos quando acreditava que essa música tinha tudo a ver comigo. Acredito que todo mundo tem uma trilha sonora da sua vida. A Patrícia tem. Literalmente. Ano passado fomos até Tiradentes ao som de Patrícia, 30 anos contados através de música.
Se eu fosse uma música seria Mutantes, da Rita Lee. A letra é um pouco melancólica, mas a melodia é super dançante!

by Renata que acredita que cultivar lembranças é sinal de que se gosta da vida.

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