4 de dezembro de 2009

Ganhei de aniversário um livro de memórias da autora chilena Isabel Allende, A Soma dos Dias. A narrativa é envolvente e a leitura leve, gostosa – é um daqueles livros que não conseguimos largar e que nos deixa órfãos quando chegamos ao fim... Li durante a viagem de ônibus para o Rio e apesar de ter sido presente de uma amiga especial, deixei no Rio com uma outra amiga especial. 
 Isabel Allende escreve sobre suas relações com graça, leveza, autocrítica. E coragem: não tem receio de expor suas fraquezas. Mostra-se, por vezes, uma mãe controladora, sogra invasiva, esposa intransigente. E justificando seu objetivo que é, sempre, manter unida a família.
 Em tantos anos de vida numa família tão separada, as palavras de Allende me mostraram um vazio imenso na soma dos meus dias e uma vontade de viver nessa proximidade. Isso chega a ser utópico, afinal nunca convivi com primos, tias e avós. Mesmo a minha pequena família vive separada há tempos. Ou desde sempre. 
 A separação é geográfica. Cada um numa cidade, num estado e o belo horizonte, agora,  só para mim. A tecnologia a meu favor... mas isso não substitui os almoços do meu pai, minha sobrinha me acordando, minha irmã pegando minhas roupas sem pedir, o caçula me mostrando a diferença de tamanho entre o estegossauro e o homem, a outra irmã me contando os casos do colégio e gostando do meu esmalte, minha madrasta sempre pronta a ajudar... Até dos móveis da minha mãe em casa, vou sentir falta. 
Vou ter que aceitar que as pessoas são como árvores e as minhas árvores fazem sombra onde tem sol próprio para elas. Talvez seja a hora de plantar novas sementes.


By Renata que resolveu chorar hoje tantas mudanças com medo de ser ela a que mais irá mudar.

 

6 comentários:

Camila Segala disse...

Nossa Renata, esse seu texto é lindo, deu vontade de chorar também.
Acho que a aproximidade do final do ano nos faz refletir sobre muitas coisas, e muitas delas nos deixam realmente tristes.
Desde já te desejo um feliz natal e muitas mudanças positivas!!!
Bjs

chica disse...

Estou emocionada e toda arrepiada,Renata! Desejo tudo de bom pra ti e que fiques bem!beijos,chica

Anônimo disse...

Rena nesse post doído senti toda a sua verdade. E espero que a iluminação se transforme em ações, porque você sabe que a pessoas como nós só é dada uma chance, a única chance: de construir pedra sobre pedra, a sua própria família.

Simone Scalabrini disse...

Eita... que toda vez que venho aqui saio pensando na vida.

Fica bem Rê.

Bjs,

Leonardo Xavier disse...

Eu acho que eu só cheguei a ler "A casa dos espíritos". Mas bom esse texto sobre família. Eu sei bem como que é esses lances de família separada pela distância. Por mais que tenha telefone e internet, não é a mesma coisa da convivência diária.

Jackie disse...

Oi Renata,
Cheguei aqui por um comentário seu no blog do Jack (aquele do esmalte, rs)...
Então, achei muito interessante essa sua reflexão sobre família que o livro lhe proporcionou...
Sabe que alguns dias atrás estava mesmo pensando na Isabel Allende...tudo porque alguns anos atrás eu começei a ler o livro Paula que ela escreveu...Só começei, pois não consegui passar nem da metade do livro...A história me trouxe uma dor muito grande, uma tristeza... enfim, eu chorava muito a cada página do livro!!
Os livros dela são lindos e extremamente profundos dos quais preciso arrumar muita "coragem-emocional" para voltar a ler!!!
Gostei da sua dica, vou me encorajar para ler!! Beijos para vc e fique com Deus!!