
Dirigi de volta para casa imaginando como seria se minha vida fosse contada num romance. Afugentei os pensamentos que me desviavam dele. Era seu aniversário e em poucas horas estaríamos comemorando juntos. Tentei pensar no que vestir. Isso foi meio inútil, pois nunca consigo decidir essas coisas com antecedência. Passei no borracheiro para arrumar o pneu que havia furado há muitos dias. Apesar de odiar resolver essas coisas, não podia correr o risco de qualquer coisa dar errado na estrada a caminho da casa dele. Lá estariam as pessoas mais próximas da família e eu. Claro que isso me fazia sentir especial e por mais que eu tentasse não criar expectativas, era uma esforço em vão.
Sempre soube das limitações dos sentimentos dele por mim, mesmo que às vezes ele me surpreendesse, era nuvem passageira. Pior, já havia percebido um certo padrão: quando ele se aproximava demais, como fez essa semana, era questão de pouco tempo, ele me afastar ou simplesmente sumir por dias. Talvez isso fizesse parte de um jogo sádico de testar seu poder sobre mim. Talvez, essa fosse a nossa dinâmica de se contentar apenas com o suficiente.
O trânsito estava bom e eu cheguei em casa mais rápido que imaginei. O carro, depois da troca de pneu, estava bem mais estável. O tanque estava cheio. Era apenas tomar um banho, passar numa floricultura e antes do meio dia, estaria lá.
Chequei meus emails assim que alimentei meu gato à procura de qualquer hesitação da parte dele. Nada. Pensei em ligar e avisar que estava de saída, mas decidi que não era preciso. O convite havia sido bem claro. Meu celular tocou. Não reconheci o número. Atendi e era o aniversariante do dia. Almoço cancelado.
By Renata que se rendeu ao Twitter, a Crepúsculo, mas não se deixa derrubar.
*Foto do filme Sixteen Clandles.