31 de agosto de 2006

O mês oito


O oitavo mês do nosso calendário não é bem aceito com bom gosto pelo povo. Todo mundo quer logo que ele acabe, com o medo que algo de sinistro ocorra durante o mês. Coincidentemente sempre ocorrem tragédias e de pronto o popular supersticioso esbraveja:
"Mês de Agosto ! Mês de Desgosto."
No Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo, consta a seguinte definição: “Agosto, mês de desgosto. Nos países latinos é o mês das desgraças e das infelicidades”.
Já Pereira da Costa, no seu Folclore Pernambucano, escreve que "Agosto é um mês aziago, é um mês de desgostos; e é de mau agouro para casamentos, mudanças de casa e empreendimentos de qualquer negócio de importância".
Nas Supersticiones, de Rafael Jijena Sanchez: "No lavarse la cabeza en el mes de agosto porque se llama la muerte".Nos Violeiros do Norte, de Leonardo Mota: "Agosto é o mês desmancha-prazeres da humanidade. A sua primeira segunda-feira é o famigerado dia aziago do ano inteiro”.
Na Etnografia da Beira, de Jaime Lopes Dias: "Em dia de São Bartolomeu tem o demo uma hora de seu”.
Não bastassem todo o folclore e todas as superstições, a própria História encarrega-se de colocar água nesse moinho que move a mística de agosto.Foi em agosto que tiveram início as duas grandes Guerras Mundiais (1914e 1938). Foi, também, nesse mês, a revolta antinazista do Gueto judeu de Varsóvia, que deixou 200 mil mortos (1944), na segunda conflagração mundial.Foi nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 que os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. E foi no dia 8 de agosto de 1974 que o presidente norte-americano Richard Nixon, abalado pelo escândalo de “Watergate", renunciou.
No Brasil, pelo menos três acontecimentos reforçam a mística. Na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas suicida-se, com um tiro no peito; na manhã do dia 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia à Presidência da República, alegando sofrer pressões de "forças ocultas". Quinze anos depois, num desastre de automóvel em plena via Dutra, o Brasil perdia um de seus maiores presidentes: o inesquecível Juscelino Kubitschek.
Eu, particularmente não tinha nada contra esse mês. Muitos amigos queridos aniversariam, tem volta às aulas, feriado em BH, Dia dos Pais, Folclore... enfim, um mês agitado como eu gosto!Mas este ano tudo foi diferente e junto-me ao coro que reza para este mês acabar. Ou ele, ou eu. Mas hoje é dia 31, então acho que quem saiu perdendo foi agosto. Porque eu tô viva e cheia de graça. Ao menos, tô tentando. E quando 2007 chegar e o tal do agosto reaparecer... não vou ser pega de surpresa não! Talvez até façamos as pazes e ele volte a ser um mês inofensivo. Talvez agosto não seja tão ruim, ou talvez não seja sua culpa ser o inferno astral da primavera.

By Renata que acredita que "Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro".

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